(Publicado pelo Jornal do Círculo Militar do Paraná)
“Seu filho de 2 anos ainda não fala, só diz algumas palavras. Em comparação com os amiguinhos, você acha que ele está atrasado. Esperando que ele se desenvolva sozinho, você adia a procura de um profissional especializado”
Esta cena é mais comum do que se imagina entre pais de crianças que demoram em começar a falar. A menos que sejam observadas outras dificuldades de desenvolvimento, os pais geralmente hesitam em procurar ajuda. Sabemos que quanto mais cedo os problemas puderem ser detectados e tratados, maiores serão as possibilidades de superação dos mesmos e menores as consequências em outras áreas do desenvolvimento. Porém, infelizmente, temos visto crianças que só procuram o atendimento fonoaudiológico aos 4 ou 5 anos, ou o que é pior, somente ao iniciarem a alfabetização formal. Os pediatras e outros profissionais que têm a oportunidade de acompanhar a evolução das crianças quanto ao seu desenvolvimento da linguagem, podem ajudar bastante nessa intervenção precoce
O que observar na criança
A comunicação tem, em sua origem, uma função nitidamente social. A criança, ao interagir com as pessoas e os objetos, organiza experiências e constrói conhecimentos graças a sua capacidade cognitiva. São esses os conteúdos que ela irá comunicar. Muito antes de empregar as palavras a criança participa de eventos comunicativos, que implicam em relações com as pessoas ao seu redor.
Do 0 aos 6 meses é esperado que a criança reaja aos sons do ambiente, sorria quando falam com ela, pare o que está fazendo para escutar a voz das pessoas, se assuste com ruídos fortes, grite ou vocalize de formas diferentes para expressar diferentes necessidades.
Dos 6 meses aos 12 meses a criança responde ou reage quando é chamada pelo nome, volta a cabeça para o lugar do som, responde quando perguntada se quer mais ou quando pedem que se aproxime, balbucia sons e começa a falar as primeiras palavras, ainda que não sejam claras, gosta de imitar sons, usa a voz e gestos para comunicar e chamar a atenção.
De 12 a 24 meses a criança já usa de 10 a 15 palavras, gosta de ficar repetindo o que lhe dizem, forma frases simples, consegue cumprir duas ordens seguidas como “Pegue a bola e traga aqui”.
Entre 24 e 36 meses as crianças já têm um vocabulário de 50 a 100 palavras, utilizam verbos e artigos, relacionam o que falam com situações concretas, falam sozinhas enquanto brincam.
De 36 a 48 meses a criança é capaz de executar 3 ordens relacionadas, tem vocabulário de quase 1000 palavras, usa formas verbais complexas e de negação, começa a usar orações compostas.
Aos 48 meses espera-se que a criança seja capaz de pronunciar adequadamente a maior parte dos sons da fala, com exceção de um ou dois, que ela ouça e compreenda o que as pessoas da casa conversam, que ela utilize o mesmo vocabulário e expressões do restante da família, que responda prontamente ao ser chamada, que tenha uma voz clara, sem rouquidão ou esforço, que seja capaz de criar suas próprias frases e não repita mais as frases dos outros.
A partir de 5 anos as crianças usam condicionais, acompanham sequências de estórias, utilizam o presente, passado e futuro, pedem informação e solicitam ajuda quando encontram dificuldades, executam ordens não relacionadas, expressam sentimentos, medos e desejos pela linguagem.
“Se a criança não está acompanhando essas etapas, é preciso procurar um profissional especializado”.
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